quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Escola Literária

Escola literária    Em que medida a obra retrata as características do movimento literário a que pertence? A escola literária a que pertence “A Cidade e as Serras” é o Realismo e o Naturalismo em Portugal.As características do Realismo e Naturalismo que estão presentes nessa obra são: o objetivismo (vê o mundo como ele é), descritivismo (dá veracidade à obra), casamento arranjado, ironia (em relação ao comportamento humano), observação e análise (fatos presentes) e contemporaneidade (exatidão para localizar o tempo e o espaço). Podemos encontrar também a veracidade e abundância de pormenores, com o retrato fidelíssimo da natureza; neutralidade de coração perante o bem e o mal, o feio e o bonito, vício e virtude; análise corajosa de vícios e podridão da sociedade; uso de expressões simples e sem convencionalismos. Contra e a tendência escapista , o escritor encara a realidade de frente, tematizando-as das relações humanas em seus aspectos corriqueiros , desprezando as grandes paixões. Pratica uma análise da realidade fundada em uma visão objetiva da sociedade e do ser humano , quase sempre de forte teor críticoUma importante característica desta obra é a saída da cidade para o campo. Essa característica é do movimento literário Arcadismo.“A Cidade e as Serras” pertence à Terceira fase de Eça de Queirós: Realista. Onde ele cria o romance de costumes, com a análise objetiva e crítica da sociedade. Há um saudosismo dos bons; superando o esteticismo cientificista, aparecerá uma espécie de repúdio ao que é artificial. Como podemos observar o modo negativo como ele retrata a cidade e as revoluções tecnológica. Esta é a chamada fase madura do autor, a crítica aguda vai dar lugar ao nacionalismo, à preocupação moral e um certo otimismo quanto ao que se espera de Portugal. Tendo em vista a ajuda que Jacinto deu aos pobres em Portugal e como eles acreditavam que Jacinto seria D. Sebastião que voltou para salvar a população. Eça se torna menos agressivo com a sociedade portuguesa, idealizando o passado português.    

Tempo e Espaço

TEMPO E ESPAÇO O narrador-personagem, José Fernandes, é quem conta a história do amigo Jacinto. A narrativa se passa no século XIX, quando Paris era considerada a capital da Europa e o centro do mundo. Portugal, no entanto, mantinha-se como um país agrário e decadente.
Havia grande entusiasmo, nos meios intelectuais da época, pelas teorias positivistas de Augusto Comte, criador do sistema que ordena as ciências experimentais, considerando-as o modelo por excelência do conhecimento humano, em detrimento das especulações metafísicas ou teológicas.

ENREDO A narrativa inicia-se com a história de dom Galião, grande proprietário que, ao escorregar numa casca de laranja, é socorrido pelo infante dom Miguel. Desse dia em diante, o rechonchudo velho torna-se partidário fanático do príncipe.

Em 1831, dom Pedro retorna do Brasil para assumir o trono português, destronando seu irmão, dom Miguel. Indignado, dom Galião muda-se de Portugal para Paris, levando consigo Grilo, futuro criado de Jacinto.

Em Paris, o filho de dom Galião, Cintinho, torna-se uma criança doente e tristonha. Quando adulto, seu aspecto não melhora. Em sua única decisão mencionada no livro, prefere ficar em Paris e casarse com a filha de um desembargador a ir tratar-se no campo. Conclusão: morre três meses antes de nascer Jacinto, seu único filho.

Jacinto cresce como um menino forte, saudável e inteligente. Na faculdade, seu colega Zé Fernandes (o narrador) o apelida de “Príncipe da Grã-Ventura”. Em Paris, andavam em voga as teorias positivistas, das quais o protagonista se revela entusiasta. Jacinto elabora uma filosofia de vida:
“A felicidade dos indivíduos, como a das nações, se realiza pelo ilimitado desenvolvimento da mecânica e da erudição”. 
O resultado desse entusiasmo de Jacinto por Paris, porém, se revela desastroso. Zé Fernandes retrata dessa forma a decadência do protagonista, de quem se havia separado durante sete anos:
“Reparei então que meu amigo emagrecera; e que o nariz se lhe afilara mais entre duas rugas muito fundas, como as de um comediante cansado. Os anéis de seu cabelo lanígero rareavam sobre a testa, que perdera a antiga serenidade de mármore bem polido. Não frisava agora o bigode, murcho, caído em fios pensativos. Também notei que corcovava”.
Zé Fernandes, então, também se deixa levar por Paris, ao ser dominado por uma paixão carnal pela prostituta Madame Colombe. O caso contraria as teorias de Jacinto, expostas no começo do livro, segundo as quais o homem se tornava um selvagem no campo. Nesse caso, foi a cidade de Paris que transformou Zé Fernandes num escravo de seus instintos.

Segue-se uma série de episódios que ilustram o ridículo que se escondia sobre a pretensa superioridade dos parisienses. Jacinto torna-se entediado, doente, chega a lembrar seu pai, Cintinho. Então ocorre uma reviravolta: a igreja onde estavam enterrados os avós de Jacinto vem abaixo durante uma tormenta. Ele manda que se reconstrua tudo, sem se importar com os gastos.

Na viagem de volta a Portugal, Jacinto perde quase toda a bagagem. Seu país, no entanto, devolve a saúde ao protagonista, que, revigorado, promove diversas melhorias em Tormes. Finalmente, ele se casa com Joaninha, camponesa e prima de Zé Fernandes. Na última cena do livro, Zé Fernandes, também enfastiado de Paris, parte para Tormes – o “castelo da grã-ventura” – com Jacinto e Joaninha.
CAMPO E CIDADE A temática do campo versus cidade – recorrente nas obras do escritor português – é o cerne do romance A Cidade e as Serras, como o próprio título indica. Na tradição da literatura ocidental, o gênero bucólico ou pastoral sempre tratou da oposição entre a vida tranqüila e sábia do camponês e a vida urbana, cheia de agitação fútil. Para diferenciar o que ocorre no gênero pastoral e nesse romance, é preciso entender os pressupostos daquela oposição. Por que a vida no campo seria mais “sábia” que a vida na cidade?

O gênero bucólico, cultivado por inúmeros autores desde a Antiguidade, caracteriza-se pela criação de um personagem lírico – um pastor fictício – cujo conhecimento provém da contemplação minuciosa da natureza. Sua expressão poética será tanto mais eficaz quanto mais transmitir o efeito de possuir duas qualidades principais: sabedoria e simplicidade.

O conceito de sabedoria mudou muito no decorrer da história. Sem a pretensão de aprofundar aqui os vários significados que a palavra teve, é interessante mostrar como esse conceito se torna problema na obra de Eça.

O teórico Walter Benjamin definiu sabedoria como “a teoria entretecida na experiência”, fórmula que desvaloriza tanto a ação que se promove sem o governo da razão, limitada pela ignorância (simbolizada na figura do selvagem), quanto a teoria desvinculada das ações e da vida sensível (simbolizada principalmente pela informação).
MODERNIDADE No romance, um exemplo de como a questão aparece está na cena em que Zé Fernandes, após ter passado sete anos em Portugal, reencontra Jacinto em Paris. Depois de verificar que o amigo parecia mais magro e abatido e admirar-se com as inovações do 202 (número da casa de Jacinto na capital francesa), Zé Fernandes observa espantado o funcionamento de um telégrafo, que transmite a Jacinto a informação de que “a fragata russa Azoff entrara em Marselha com avaria”.
Enquanto isso, Jacinto está ocupadíssimo ao telefone. O visitante pergunta então ao anfitrião “se o prejudicava diretamente aquela avaria da Azoff”. A resposta do entediado Jacinto é: “Da Azoff?... a avaria? A mim... Não! É uma notícia”.

Trata-se de um dado que não tem importância para Jacinto, pois sua existência está completamente afastada do destino da embarcação russa. A informação, porém, estabelece um falso vínculo entre ambos os eventos. Jacinto assiste a tudo, mas não pode tomar nenhuma atitude. A constatação é que o homem informado assiste a um jogo complexo de acontecimentos que se desenrolam por todos os lugares do mundo, muitos sem nenhuma relação aparente entre si, e fica como Jacinto diante do telégrafo: agoniado e entediado.

Quando o protagonista volta a Portugal, encontra o mundo da experiência alheia à teoria. Se em Paris ele tinha um milhão de instrumentos incapazes de proporcionar uma vida saudável, em Portugal falta-lhe até uma cama confortável, sendo preciso improvisar uma entre as pedras.

Vale lembrar que Jacinto fora chamado a Tormes – sua propriedade em Portugal – para reconstruir o túmulo de seus ancestrais, o que pode ser interpretado como uma religação do protagonista com suas origens, citadas no início do livro. Porém, o Jacinto que retorna é um homem muito informado e pode agora aplicar parte da grande carga teórica que adquiriu ao contexto português. É preciso primeiro livrar-se da complexidade inútil do jogo das informações e articulá-las de modo eficiente. Em
resumo: agir com simplicidade. O protagonista, então, torna-se sujeito de uma ação bem direcionada, conseguindo promover muitas melhorias em Tormes, lugar atrasado e pobre.

A idéia de sabedoria encontrada nesse romance, portanto, se desvincula do que determina o gênero bucólico, em que a contemplação da natureza é a responsável pela produção do saber. O que vemos aqui é uma idéia muito mais próxima de nossa modernidade, na qual há uma ruptura entre a informação e a experiência pessoal.
CONCLUSÃO As obras de Eça de Queirós podem ser agrupadas em três fases: a primeira, experimental, em que o autor publicou artigos irregulares em folhetins; a segunda, fortemente realista, que vai desde a publicação de O Crime do Padre Amaro, em 1875, até a de Os Maias, em 1888; e a terceira, pós-realista, na qual o autor se reconcilia com a sua Portugal. Nessa, destaca-se A Ilustre Casa de Ramires, de 1900, além de A Cidade e as Serras.

A temática tratada, campo versus cidade, vem de uma longa tradição literária e é recorrente na obra do autor. Nesse romance, ele se dedica a mostrar a futilidade reinante em Paris e a satirizar as idéias positivistas que deslumbravam a juventude intelectual da época.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Biografia Do Autor


Biografia


Celebração de 1906 na Póvoa de Varzimcom a colocação de uma placa comemorando o nascimento de Eça naquela casa da Praça do Almada.
José Maria de Eça de Queirós nasceu em novembro de 1845, numa casa da Praça do Almada na Póvoa de Varzim, no centro da cidade; foi baptizado naIgreja Matriz de Vila do Conde. Filho de José Maria Teixeira de Queirós, nascido no Rio de Janeiro em 1820, e de Carolina Augusta Pereira d'Eça, nascida em Monção em 1826. O pai de Eça de Queirós, magistrado e par do reino, convivia regularmente com Camilo Castelo Branco, quando este vinha à Póvoa para se divertir no Largo do Café Chinês[3].
Eça de Queirós foi batizado como «filho natural de José Maria d'Almeida de Teixeira de Queirós e de Mãe incógnita» fórmula comum que traduzia a solução usada em casos similares nos registos de baptismo quando a mãe pertencia a estratos sociais elevados.
Uma das teses para tentar justificar o facto dos pais do escritor não se terem casado antes do nascimento deste sustenta que Carolina Augusta Pereira de Eça não teria obtido o necessário consentimento da parte de sua mãe, já viúva do coronel José Pereira de Eça. De facto, seis dias após a morte da avó que a isso se oporia, casaram-se os pais de Eça de Queirós, quando o menino tinha quase quatro anos.
Por via dessas contingências foi entregue a uma ama, aos cuidados de quem ficou até passar para a casa de Verdemilho em AradasAveiro, a casa da sua avó paterna que em 1900 morreu. Nessa altura, foi internado no Colégio da Lapa, no Porto, de onde saiu em 1861, com dezasseis anos, para aUniversidade de Coimbra onde estudou direito. Além do escritor, os pais teriam mais seis filhos.
Estátua na Póvoa de Varzim.
O pai era magistrado, formado em Direito por Coimbra. Foi juiz instrutor do célebre processo de Camilo Castelo Branco, juiz da Relação e do Supremo Tribunal de Lisboa, presidente do Tribunal do Comércio, deputado por Aveiro, fidalgo cavaleiro da Casa Real, par do Reino e do Conselho de Sua Majestade. Foi ainda escritor e poeta.
Em Coimbra, Eça foi amigo de Antero de Quental. Os seus primeiros trabalhos, publicados avulso na revista "Gazeta de Portugal", foram depois coligidos em livro, publicado postumamente com o título Prosas Bárbaras.
Em 1866, Eça de Queirós terminou a Licenciatura em Direito na Universidade de Coimbra e passou a viver em Lisboa, exercendo a advocacia e o jornalismo. Foi director do periódico O Distrito de Évora. Porém continuaria a colaborar esporadicamente em jornais e revistas ocasionalmente durante toda a vida. Mais tarde fundaria a Revista de Portugal
Em 1869 e 1870, Eça de Queirós fez uma viagem de seis semanas ao Oriente (de 23 de outubro de 1869 a 3 de janeiro de 1870), em companhia de D. Luís de Castro, 5.º Conde de Resende, irmão da sua futura mulher, D. Emília de Castro, tendo assistido no Egipto à inauguração do canal do Suez: os jornais do Cairo referem «Le Comte de Rezende, grand amiral de Portugal et chevalier de Queirós». Visitaram, igualmente, a Palestina. Aproveitou as notas de viagem para alguns dos seus trabalhos, o mais notável dos quais o O mistério da estrada de Sintra, em 1870, e A relíquia, publicado em 1887. Em 1871, foi um dos participantes das chamadas Conferências do Casino.
Em 1870 ingressou na Administração Pública, sendo nomeado administrador do Concelho de Leiria. Foi enquanto permaneceu nesta cidade, que Eça de Queirós escreveu a sua primeira novela realista, O Crime do Padre Amaro, publicada em 1875.
Tendo ingressado na carreira diplomática, em 1873 foi nomeado cônsul de Portugal em Havana. Os anos mais produtivos de sua carreira literária foram passados em Inglaterra, entre 1874 e 1878, durante os quais exerceu o cargo em Newcastle e Bristol. Escreveu então alguns dos seus trabalhos mais importantes, como A Capital, escrito numa prosa hábil, plena de realismo. Manteve a sua actividade jornalística, publicando esporadicamente no Diário de Notícias, em Lisboa, a rubrica «Cartas de Inglaterra». Mais tarde, em 1888 seria nomeado cõnsul em Paris.
Seu último livro foi A Ilustre Casa de Ramires, sobre um fidalgo do século XIX com problemas para se reconciliar com a grandeza de sua linhagem. É um romance imaginativo, entremeado com capítulos de uma aventura de vingança bárbara que se passa no século XII, escrita por Gonçalo Mendes Ramires, o protagonista. Trata-se de uma novela chamada A Torre de D. Ramires, em que antepassados de Gonçalo são retratados como torres de honra sanguínea, que contrastam com a lassidão moral e intelectual do rapaz.
Morreu em 16 de Agosto de 1900 na sua casa de Neuilly, perto de Paris. Teve funeral de Estado[4]. Está sepultado em Santa Cruz do Douro.
Foi também o autor da Correspondência de Fradique Mendes e A Capital, obra cuja elaboração foi concluída pelo filho e publicada, postumamente, em 1925.Fradique Mendes, aventureiro fictício imaginado por Eça e Ramalho Ortigão, aparece também no Mistério da Estrada de Sintra. Seus trabalhos foram traduzidos em aproximadamente vinte línguas.

Perguntas e Respostas para o Vestibular !!!

1. (UNICENTRO) A única passagem que NÃO encontra apoio em A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós, é

A) Em A Cidade e as Serras, José Fernandes, de rica família proveniente de Guiães, região serrana de Portugal, narra a história de Jacinto de Tormes, seu amigo também fidalgo, embora nascido e criado em Paris.
B) A Cidade e as Serras explora uma grave tese sociológica: ser-nos preferível viver e proliferar pacificamente nas aldeias a naufragar no estéril tumulto das cidades.
C) Para Jacinto, Portugal estava associado à infelicidade, enquanto Paris associava-se à felicidade; ao longo do romance, contudo, essa opinião se modifica.
D) No romance dois ambientes distintos são enfocados ao longo das duas partes em que o livro pode ser dividido: a civilização e a natureza.
E) Já avançado em idade, Jacinto se aborrece com as serras e tenciona reviver as orgias parisienses, mas faltam-lhe, agora, saúde e riqueza.


2. (FUVEST)

      
Já a tarde caía quando recolhemos muito lentamente. E toda essa adorável paz do céu, realmente celestial, e dos campos, onde cada folhinha conservava uma quietação contemplativa, na luz docemente desmaiada, pousando sobre as coisas com um liso e leve afago, penetrava tão profundamente Jacinto, que eu o senti, no silêncio em que caíramos, suspirar de puro alívio.
      Depois, muito gravemente:
      Tu dizes que na Natureza não há pensamento...
      Outra vez! Olha que maçada! Eu...
      Mas é por estar nela suprimido o pensamento que lhe está poupado o sofrimento! Nós, desgraçados, não podemos suprimir o pensamento, mas certamente o podemos disciplinar e impedir que ele se estonteie e se esfalfe, como na fornalha das cidades, ideando gozos que nunca se realizam, aspirando a certezas que nunca se atingem!... E é o que aconselham estas colinas e estas árvores à nossa alma, que vela e se agita que viva na paz de um sonho vago e nada apeteça, nada tema, contra nada se insurja, e deixe o mundo rolar, não esperando dele senão um rumor de harmonia, que a embale e lhe favoreça o dormir dentro da mão de Deus. Hem, não te parece, Zé Fernandes?
      Talvez. Mas é necessário então viver num mosteiro, com o temperamento de S. Bruno, ou ter cento e quarenta contos de renda e o desplante de certos Jacintos...

                                    Eça de Queirós, A cidade e as serras.

Considerado no contexto de A cidade e as serras, o diálogo presente no excerto revela que, nesse romance de Eça de Queirós, o elogio da natureza e da vida rural

a) indica que o escritor, em sua última fase, abandonara o Realismo em favor do Naturalismo, privilegiando, de certo modo, a observação da natureza em detrimento da crítica social.
b) demonstra que a consciência ecológica do escritor já era desenvolvida o bastante para fazê-lo rejeitar, ao longo de toda a narrativa, as intervenções humanas no meio natural.
c) guarda aspectos conservadores, predominantemente voltados para a estabilidade social, embora o escritor mantenha, em certa medida, a prática da ironia que o caracteriza.
d) serve de pretexto para que o escritor critique, sob certos aspectos, os efeitos da revolução industrial e da urbanização acelerada que se haviam processado em Portugal nos primeiros anos do Século XIX.
e) veicula uma sátira radical da religião, embora o escritor simule conservar, até certo ponto, a veneração pela Igreja Católica que manifestara em seus primeiros romances.


3. (PUC) O romance A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós, publicado em 1901, é desenvolvimento de um conto chamado “Civilização”. Do romance como um todo pode afirmar-se que

A) apresenta um narrador que se recorda de uma viagem que fizera havia algum tempo ao Oriente Médio, à Terra Santa, de onde deveria trazer uma relíquia para uma tia velha, beata e rica.
B) caracteriza uma narrativa em que se analisam os mecanismos do casamento e o comportamento da pequena burguesia da cidade de Lisboa.
C) apresenta uma personagem que detesta inicialmente a vida do campo, aderindo ao desenvolvimento tecnológico da cidade, mas que ao final regressa à vida campesina e a transforma com a aplicação de seus conhecimentos técnicos e científicos.
D) revela narrativa cujo enredo envolve a vida devota da província e o celibato clerical e caracteriza a situação de decadência e alienação de Leiria, tomando-a como espelho da marginalização de todo o país com relação ao contexto europeu.
E) se desenvolve em duas linhas de ação: uma marcada por amores incestuosos; outra voltada para a análise da vida da alta burguesia lisboeta.

COMENTÁRIOS: A obra A Cidade e as Serras relata as transformações na maneira de o protagonista Jacinto encarar o mundo. Inicialmente ele se encontra inserido na modernidade, vivendo em Paris, entusiasta das novidades tecnológicas. Depois de uma crise de “fartura”, muito deprimido, reencontra o prazer de viver nas serras de Tormes, em uma vida simples que anteriormente criticava.
Essa nova fase conscientiza o protagonista dos problemas sociais, levando-o a procurar conciliar os avanços tecnológicos com o modo de vida local.

Estrutura da Obra

O romance tem seu conteúdo dividido em duas partes, como já tratado anteriormente. Ainda destacamos:
a) Foco narrativo: é narrado em 1ª pessoa, pelo personagem-narrador Zé Fernandes, que conta a história do seu amigo protagonista, Jacinto.
b) Espaço: apresenta dois espaços vitais para a compreensão do enredo, Paris e Portugal (Tormes).
c) Tempo: este é cronológico, estabelecido entre 1866 e 1889.
d) Personagens: os principais são Jacinto e Zé Fernandes, temos ainda os freqüentadores do 202, em Paris (Madame de Oriol, Grão-duque) e os da serra (Joaninha e tia Vicência).

A Cidade e as Serras

A Cidade e as Serras é um romance de Eça de Queirós, pertencente à última fase do escritor, onde se afasta do realismo e abandona a crítica pesada que fazia à sociedade portuguesa da época. O próprio título já indica sobre o enredo. Nesse livro, Queirós faz uma comparação entre a vida módica e agitada de Paris e a vida tranquila e pacata na cidade serrana de Tormes.
Enredo:
O romance A Cidade e as Serras, publicado em 1901, é desenvolvimento do conto "Civilização", de Eça de Queirós. Uma personagem, José ("Zé") Fernandes, relata a história do protagonista Jacinto de Tormes. Na composição são destacados os episódios diretamente relacionados com a personagem principal, ficando os fatos da história de Zé Fernandes apenas como elos da história vivida por Jacinto. Desde o início, o narrador apresenta um ponto de vista firme, depreciando a civilização da cidade.
Publicado em 1901, no ano seguinte ao da morte de Eça de Queirós, o romance A Cidade e as Serras foi desenvolvido a partir da idéia central contida no conto Civilização, datado de 1892. É um romance denso, belo, ao longo do qual Eça de Queirós ironiza ferrenhamente os males da civilização, fazendo elogio dos valores da natureza.
É uma obra das mais significativas de Eça de Queirós. Nela o escritor relata a travessia de Jacinto de Tormes, um ferrenho adepto do progresso e da civilização - da cidade para as serras. Ele troca o mundo civilizado, repleto de comodidades provenientes do progresso tecnológico, pelo mundo natural, selvagem, primitivo e pouco confortável, no sentido dos bens que caracterizam a vida urbana moderna, mas onde encontra a felicidade, mudando radicalmente de opinião.
IDEIA PRINCIPAL:
A Cidade e as Serras preconiza uma relação entre as elites e as classes subalternas na qual aquelas promovessem estas socialmente, como faz Jacinto ao reformar sua propriedade no campo e melhorar as condições vida dos trabalhadores.